Se quer ilustrar, não basta só desenhar, é necessário se conscientizar do processo

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Fique atento com a forma que você estuda o desenho, ilustrar demanda muitos outros elementos que você não adquire apenas copiando desenhos.

Nascer com o dom de desenhar é com certeza um privilégio que poupa muito esforço; pois essa habilidade se torna tão latente que lhe permite desenhar naturalmente sem muitas complicações, apesar de precisar sempre de aprimoramento. Para os que não nasceram com tal habilidade, é necessário muito esforço, já que muitos elementos importantes à sua evolução continuam sendo desconhecidos; assim as principais ferramentas que se precisa, chegam a levar anos para serem identificadas e valorizadas.

Quando interessamos em alguma coisa que não temos dom ou não sabemos, pedimos instrução a quem sabe para treinarmos e repetirmos até aprendermos; assim nosso corpo a memoriza (porque ele tem memória); é interessante que depois dessa fase de aprendizado, conseguimos até conversar tranquilamente enquanto a fazemos. Com o nosso corpo relaxado e certo do que deverá fazer, o cérebro não tenciona, podendo até se ocupar de uma outra tarefa inerente ao que estávamos praticando com o corpo. Mas isso, é uma realidade bem diferente do início, quando nosso cérebro fica a mil, tentando ou não lembrar das dicas da pessoa que nos instruiu. Para melhorar o entendimento seu sobre essa explicação, irei fazer uma analogia com algumas atividades; para isso leia-as a seguir e tente lembrar se o processo também não foi parecido com o seu, é claro que algumas delas só irão fazer sentido para quem não sabia fazer e aprendeu, veja:

  • Andar de bicicleta – No início você tem em mente algumas dicas de quem lhe ensinou: pedale, equilibre-se, aperte o freio para parar, olhe para frente, cuidado com o carro; sem contar que seu corpo pode tremer, enrijecer e seu cérebro ficar ainda mais tenso por ter de tolerar aquele seu “amigo da onça”, que fica lhe colocando medo. Depois de muito treino, poderá pensar em fazer manobras, conversar tranquilamente enquanto anda e não pensará mais nas dicas que ouviu quando foi aprender; pois tudo irá fluir naturalmente.
 
  • Tocar uma música no violão – Tocar violão, para muitos é um bicho de 7 cabeças, porque são muitas dicas de uma vez só que se ouve, como: não esqueça de apoiar o violão na perna, aperte a corda no centro do traste, cuidado com o ritmo, sua mão esquerda está muito para trás, relaxe o pulso, preste atenção na nota, etc. Quando aprender a música, você vai tocar cantando e olhando em outra direção que não seja a das mãos, parece que os dedos se movem sozinhos; pois você não irá pensar onde colocá-los mais.
 
  • Dirigir um automóvel – Quem nunca dirigiu na vida e começou direto na auto escola, com certeza vai sempre repetir todo o script: regule o banco, verifique os retrovisores, coloque o cinto, pise na embreagem e depois no acelerador, dê partida, solte o freio de mão, etc. Após aprender você não pensa no que faz, simplesmente entra no carro conversando e faz todo o processo necessário para sair e guiar o carro.

É claro que todas essas atividades comentadas até aqui poderiam e podem ser aprendidas sem que alguém esteja lhe instruindo (no caso dos autodidatas). O instrutor/professor irá apenas lhe entregar a síntese de todo o aprendizado, permitindo que você tenha a chance de aprender mais rápido do que estivesse aprendendo sozinho. Desenhistas que já nascem com o dom de ilustrar, simplesmente desenham figuras diversas, mesmo sem ter estudado previamente.

Mais porque preciso me conscientizar do processo?

Em ambos os casos (com instrução ou sem), é importante que você tome consciência de que após certo tempo praticando o desenho, as instruções, observações e leituras que fizer, permitirão que sua habilidade com o desenho flua tão naturalmente que seu corpo a incorpore-as  (como disse anteriormente o corpo possui memória). Assim todas aquelas instruções deixam de ficar pesando na sua mente, e seu corpo simplesmente as colocam em prática.  Enquanto você não chega neste nível, é importante que tome consciência de alguns elementos, que se bem valorizados e aplicados, farão você dar saltos de evolução. Quem deseja ilustrar, o ato de copiar desenhos sem uma correta observação não irá lhe agregar muita coisa; afinal as proporções e os detalhes  serão necessários no momento que você for ilustrar e precisam ficar bem gravados na sua memória num momento anterior ao que se cria.

Eis então algumas dicas para você se preparar e utilizando as 4 faculdades de sua consciência, antes e  durante o processo de ilustração, veja:

Memória: Além de se ter um bom arquivo de imagens (no computador ou impresso), é imprescindível que sua mente tenha boas referências. Elas precisam ser claras, e bem detalhadas; resultante de um estudo geométrico e proporcional, embasado na matemática.   Quem não nasceu com o dom, precisa previamente estudar anatomia de animais, pessoas, memorizar composições de cenários, estudar as regras da perspectiva; enfim gerar uma biblioteca que ficará instalada dentro da sua mente, possibilitando que você a consulte quando idealizar uma figura.

Imaginação:  Graças a imaginação, podemos idealizar personagens, cenários entre muitas outras figuras, antes mesmo de se pegar no lápis. Além disso, ela é fundamental para que você imagine o próximo passo, o percurso do próximo traço que servirá de guia, evitando assim possíveis erros.

Atenção: Fique sempre alerta e tente reduzir as dispersões. Você precisa estar de olho na qualidade do seu traço, e estar sempre analisando proporção, simetria e volume  com seu olhar periférico (clique aqui para saber mais sobre o olhar periférico). A principal maneira de perceber possíveis erros no seu desenho, é utilizando o seu olhar periférico.

Discernimento: Você precisa se basear nos conceitos que adquiriu para julgar e tomar decisões no momento que se desenha. Seja pela perspectiva, pela sua biblioteca de modelos que possui na sua mente, seus conceito de arte, etc. Quanto mais se desenha, mais observador você fica; mas,  de qualquer modo, você precisa estar sempre vendo seus desenhos por ângulos diferentes, julgando-o sempre com os “olhos de uma pessoa de fora”.

Clique aqui para acessar a PARTE 2

4 comentários sobre “Se quer ilustrar, não basta só desenhar, é necessário se conscientizar do processo

  1. Sou desenhista e pintor (óleo sobre tela), achei oportuno este tutorial, espero que continuem, e, se possível gostaria de contribuir de alguma forma, abraços.

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