Tragédia no Museu Nacional denuncia onde estão nossos interesses

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Infelizmente foi ontem (dia 02), que o Museu Nacional, vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro, com mais de 20 milhões de itens, se transformou em cinzas; um acervo que incluía múmias, fósseis, documentos e registros históricos e diversas obras de arte.

O fogo começou por volta das 19h30min, e foi controlado na madrugada desta segunda-feira. A tragédia no Museu Nacional comove o Brasil e o mundo; mas ainda não convence que a comoção de muitos brasileiros é de fato pelos seus mesmos motivos, e vou dizer porque penso assim…

É verdade que existem brasileiros que realmente simpatizam pelos valores de sua cultura, como a arte, e principalmente a história, motivo que os fazem sentir agora uma grande perda. São pessoas que já passaram pelo museu ou já visitaram outros museus; que procuram aprender mais sobre história e a tentam compreendê-la; que ligando micro fragmentos de nossa memória em suas mentes, para tentar enxergar o macro da história e consequentemente a si mesmos. Mas, grande parte dos que não ligam para nossa real cultura, estão pouco se lixando pela tragédia, e vou dizer porque… Existe uma triste exceção neste grupo, aqueles que estão mais induzidos ao choro e a comoção, do que realmente sentindo a perda do que realmente foi. Passado o episódio, seus principais interesses continuarão sendo os mesmos; a história voltará a ser para estes, uma palavra.

“Pode-se induzir o povo a seguir uma causa, mas não a compreendê-la.
Confúcio”

Ficará claro que nem todas as pessoas que disseram estar realmente se importando agora com o ocorrido, realmente se importam com a história; basta puxarmos a memória que no dia a dia, grande parte delas estão presas a outros interesses, fato facilmente comprovado pelas conversas que temos com elas, pelas coisas que postam, pelos assuntos que se interessam. A comoção muitas vezes vem pela comoção dos demais, uma reação em cadeia.

Você pode estar pensando… Mas de quem é a culpa desse desinteresse por nossa história, dos políticos? Ora, de todos nós, principalmente dos que sabem da importância mas não se importam em levar a cultura para mais pessoas, pois julgam o estado como morto, sem esperança; enquanto que a ousadia dos maus ganha terreno. Existe ainda uma Babel dos que discutem levar cultura, mas se perdem com seu intelectualismo arrogante, que mais humilha do que conscientiza; ou ainda e principalmente dos que malevolamente se prendem aos projetos para obter uma vantagem, desviar dinheiro ou mesmo cultuar suas bestialidades, uma forma de ficar parasitando através do estado e não não deixá-lo avançar.

Poderíamos pensar que levar mais cultura demanda ainda mais investimento do governo, uma premissa que pode parecer óbvia, mas nem sempre é disso que se toca um projeto, mas, por exemplo: de compromisso, honestidade e definição de prioridades e bons objetivos; valores que faltaram nesse episódio e no Brasil. Dado é o fato, que o museu já havia assinado há 3 meses um contrato de R$ 21,7 milhões com o Banco BNDES, mas o Iphan já havia inclusive anunciado a tragédia no ano passado, ou seja, demandaria ainda mais atenção para que apressassem o dinheiro para a segurança do museu, antes do ocorrido; afinal, estamos tratando da memória de nossa história, da primeira instituição científica de nosso país. São 200 anos de história do museu para analisarem sua importância, e ainda assim e infelizmente, o vacilo foi grande em deixar passar tanto tempo para uma medida de segurança ser tomada.

 

Os maus estão mais ousados e organizados

Diante de nossa queda de valores, os “bons” intelectuais, estão sem ousadia e ou desorganizados; enquanto que os maus se articulam em um terreno que eles mesmos prepararam. E como essa turma de poderosos, dos que manipulam, adoram que as pessoas se bitolem nas festanças, curtição (refiro aos excessos), na desconstrução de valores, pois tira das pessoas um senso de protagonismo, sentido e foco na cultura; aproveitam a brecha para manipular a massa para levar onde querem,  estimulando o famoso “pão e circo”, e as fazendo perder o foco pelo essencial. A desconstrução de valores faz parte de um projeto frio e bastante ganancioso, até porque prefere o poder que a felicidade da nação. E diante de perdas como as do Museu Nacional, fica ainda mais nítido que o desvio de interesse da população em zelar com seriedade por nossa memória, é nada mais que um reflexo de um projeto que vem ganhando força, e assim a deixar as pessoas psicologicamente fracas, com uma vida sem sentido. É por isso que o Brasil não é um país sério, até aos olhos dos estrangeiros.

 

Como disse anteriormente em outro post, mas em outras palavras é preciso melhorar nossa linguagem para fazer os jovens valorizarem mais nossa cultura, e consequentemente serem mais fortes, idealistas, protagonistas de suas vidas. Você pode deixar bens de herança e outras coisas que facilmente podem ser tomadas e roubadas de seus sucessores; mas o conhecimento ninguém pode-lhes tirar, e isso é o bem que podemos transmitir; seja nos qualificando e consequentemente deixando boas pessoas para um duro futuro que há de vir. Há de elevarmos nossos interesses, e isso todos podemos!

 

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