Saiba como é a publicação de mangás no Japão

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E você, já teve a curiosidade em saber como é a publicação de mangás no Japão? Essa com certeza é uma curiosidade de todo aspirante a mangaká, e até de outras pessoas que desenham ou de alguma forma se interessam pela cultura Japonesa. Como eu também sou mais um curioso dessa turma, não poderia ficar de fora, o que inclusive me instigou há algum tempo a averiguar e pesquisar detalhes mais específicos sobre a produção e a publicação de mangás no Japão. Então vamos lá, e entender como funciona a publicação na terra da japanesada!

Sentido de Leitura

No japão os mangás possuem um sentido de leitura inverso ao que estamos acostumados, o que pode fazer muito ocidental quebrar a cara se não estiver acostumado com o sentido.

Características das revistas

De início as séries são geralmente publicadas em revistas de mangá semanais, mensais ou trimestrais, num formato semelhante ao de listas telefônicas; dentre estas revistas podemos destacar a Shōnen JumpAfternoon, Champion Redou Hana to Yume. São diversas revistas, e cada uma delas é voltada para um público alvo diferente, seja ele Shonen, Shoujo, Seinen, etc. É tudo muito específico.

Essas revistas podem variar entre 300 e 800 páginas (a Jump em torno de 500 páginas), e possuem capa colorida e o miolo em preto branco, além de serem impressos em papéis econômicos e reciclados, como o papel jornal. Estas revistas trazem capítulos de várias séries diferentes, contendo normalmente entre 10 e 40 páginas por série.

As séries mais populares podem ocupar o início da revista e ainda conter páginas coloridas, enquanto as menos populares correm o risco de serem até canceladas. Algo interessante nestas publicações é que muitas delas apresentam partes impressas em papel jornal verde, rosa , azul e outras cores.

Além das histórias o seu conteúdo inclui propagandas, desenhos dos leitores, sessões de cartas, entrevistas, jogos, entre outros.  Junto com a revista podem vir também brindes como: cartões postais, brinquedos, jogos e gashapons (bonecos em miniatura geralmente obtidos em máquinas).

Por incrível que pareça, os japas tratam estas revistas como nós tratamos os jornais aqui; simplesmente leem aquilo que mais lhe interessam e depois jogam no lixo. O valor delas varia bastante, de 250 ienes (R$5,00) até 700 ienes (cerca de R$14,00) ou mais.

Como são escolhidos os mangakás?

Muitos mangakás são selecionados em concursos promovidos pelas revistas.

Supervisão

Cada série é supervisionada por um editor, que garante que os prazos de publicação sejam cumpridos, aconselha o mangaká sobre direções futuras e seleciona novas séries a serem publicadas.

Criação

Sobre os detalhes de criação do mangá, vou resumir em poucas palavras. Tudo se resume em reuniões entre editores e mangakás, roteiro, nemu (storyboard), desenhos, arte-final, capas e poucas horas de sono; vou até deixar você novamente com uma agenda do mangaká Shiibashi Hiroshi, autor de “Nurarihyon no Mago”, quem não tinha visto ela vai até se assustar com o ritmo, é puxado demais!

Decisões

As editoras se baseiam em diferentes recursos para saber que rumo tomar, que variam desde a análise de vendas até os resultados de pesquisas realizadas através das revistas. A Shonen Jump, por exemplo, possui o ToC (table of contents), que em português significa “tabela de conteúdos”; é um questionário que vem anexado em suas revistas, onde após a leitura o leitor vota nas suas 3 séries favoritas e o deposita em estabelecimentos (revistarias). A editora fica encarregada de recolher todos os questionários do Japão e os enviar ao Departamento Editorial, para assim apurar as informações e publicá-las posteriormente; sendo que a classificação reflete os resultados das edições de 8 semanas atrás. Outro detalhe é que os mangás novos só podem participar desta enquete a partir do oitavo capítulo.

 

E quando a série bomba?

Quando uma série faz sucesso, e atinge um número de páginas entre 160 e 200, normalmente é publicado um volume encadernado, chamado Tankohon ou Tankōbon ( lit. livro/volume independente), no formato de bolso e em papel de qualidade superior, que contém apenas as histórias daquela série. Comparado às revistas, este formato é até mais caro.

Dependendo do sucesso alcançado pela série os volumes poderão ser vendidos em outros países, sendo reeditados em formato bunkoubon ou bunkouban (compacto e com um maior número de páginas), ou ainda  wideban (melhor papel e formato pouco maior que o de bolso). Diferentemente das revistas mencionadas anteriormente, este é um formato que a maioria prefere colecionar.

Nas séries mais populares os mangakás são fortemente encorajados a continuar, é então que eles são apresentados tecnicamente, e podem até ter sua série adaptada em anime.

E as publicações independentes?

Dentre elas temos os dōjinshis (fanzines), que são revistas feitas por autores independentes, sem nenhum vínculo com empresas. Muitas destas obras contém roteiros inéditos e originais que até utilizam personagens de outra já existente. Elas podem ser encontradas normalmente em eventos da cultura japonesa e na internet.

Existe uma feira de quadrinhos chamada Comiket (abreviação de comic market), que é uma das maiores feiras de quadrinhos do mundo, e que movimenta mais de 400 mil visitantes em três dias que ocorre anualmente no Japão; ela é dedicada ao dōjinshi.

No mais é isso. Espero que você tenha gostado desta postagem. Até mais! 😀

7 comentários sobre “Saiba como é a publicação de mangás no Japão

  1. Olá!
    Para quem se interessa também, há um anime e um mangá chamado Sekai-ichi Hatsukoi onde os personagens trabalham numa editora, especificamente, no setor de mangás shoujo.
    Um detalhe: o anime/mangá é yaoi e romance (boys love), se não se incomodar com isso, dá pra entender legal o trabalho suado e sofrido de quem trabalha numa editora com edição e publicação de mangás.

  2. Pra que quiser ver o que vocês acabaram de ler, e só assisti bakuman que vcs vão entende mais ainda, só que em formato de anime

  3. Obrigado ^_^, estou escrevendo historias e melhorando minha arte, e juntando dinheiro suficiente para ir para o Japão por meses, e quero me torna um mangaka e ter um anime, trarei o anime ao Brasil para mudar o Brasil no jeito que ele ve os animes.

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