10 perigos da IA para os desenhistas

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Apesar de tudo o que elogiam, existe uma contraparte de perigos da IA (inteligência artificial) para os desenhistas e que ainda vem reverberando nas discussões relacionadas a tecnologia e a profissão de desenhista; afinal, nem tudo são flores para a nossa evolução tecnológica. E aqui você vai conferir um pouco deste debate e o que de fato pode ser ou não uma ameaça.

O que geralmente ocorre no pensamento comum é que a tecnologia sempre vai nos propiciar os melhores resultados possíveis, dado o conforto e a facilidade que ela nos concede. Em parte isso é uma verdade, pois se existe uma busca para isso continuar ocorrendo é porque tem os seus benefícios; mas, será mesmo que tudo o que facilita é uma boa? Bem, já é sabido que os desenhistas e artistas podem enfrentar vários desafios e preocupações relacionados à inteligência artificial (IA). As polêmicas estão aí para provar isso.

Não foi a toa que recentemente até os atores de Hollywood fizeram uma greve por temores em relação ao uso da IA para o cinema, pela primeira vez em 43 anos, dado a sua avassaladora inclusão no mercado que impressionou o público pela sua riqueza de detalhes; porém, para entender melhor esta problemática, e também a dos desenhistas, é preciso explanar melhor o assunto e explicar alguns pontos. A seguir você confere alguns dos perigos da IA e como eles podem afetar os desenhistas.

Automatização da criação artística: À medida que a IA se torna mais sofisticada, pode ser capaz de gerar artes cada vez mais automatizadas. Isso pode levar à diminuição da demanda por trabalhos manuais de artistas, uma vez que as empresas e indivíduos podem optar por usar ferramentas cada vez mais acessíveis de IA para criar artes mais rapidamente e a um custo menor.

Plágio e violação de direitos autorais: A IA pode ser usada para copiar ou replicar o estilo de um artista, o que pode levar a questões de plágio e violação de direitos autorais. O uso de algoritmos para criar obras que são muito semelhantes às de artistas famosos pode criar uma confusão sobre a autoria e originalidade da arte. Um exemplo curioso desse tipo, é do ex-desenvolvedor de jogos francês, identificado como “5you”, que treinou uma IA para replicar o estilo do recentemente falecido desenhista Kim Jung Gi, usando apenas uma descrição e prompts de comando. Quando o resultado dessa arte foi compartilhado no Twitter, muitos outros usuários testaram e ficaram boquiabertos com tamanha semelhança entre os desenhos realizados pela IA e os desenhos de Kim. Sendo assim, no final das contas você pode estar na confiança dos desenvolvedores destas tecnologias, mas sem garantias de que irá realmente realizar uma arte limpa, sem violar os direitos de terceiros.

Desvalorização do trabalho artístico: Se a IA produzir obras de arte de alta qualidade com facilidade e em grande quantidade, isso pode levar à desvalorização geral do trabalho artístico. O mercado pode ficar saturado com criações artificiais, o que pode afetar negativamente os preços e a percepção do valor do trabalho dos desenhistas. Mas claro que isso se refere a parte técnica, dado que a criatividade ainda é um ponto que ela não é tão boa quanto um desenhista que elabora as ideias chaves dos desenhos que se precisa para criar para um projeto, porém, irá inevitavelmente manter um seleto grupo de desenhistas em atuação para direcionar essas tecnologias, e assim criar uma desigualdade ainda maior.

Padronização estilística: Alguns sistemas de IA podem aprender a imitar estilos artísticos específicos com base em dados de treinamento. Isso pode levar a uma padronização de estilos artísticos, onde a diversidade e a singularidade dos estilos individuais de desenhistas podem ser comprometidas. Se você começar a observar melhor as artes feitas através de uma IA, irá perceber algumas características bem comuns entre elas.

Substituição de empregos: Assim como em muitos outros setores, a automação impulsionada pela IA pode levar à substituição de empregos. Ferramentas de IA podem ser usadas para tarefas como design gráfico, ilustrações e até mesmo animações, o que poderia reduzir a demanda por desenhistas em algumas áreas. Do ponto de vista empreendedor, as IA’s são excelentes para se criar produtos e artes em minutos; mas como grande parte ainda prefere trabalhar para alguém, porque não tem o perfil empreendedor, é possível que grande parte se renda a desistir do formato de carreira que estamos acostumados de desenhista.

Dependência tecnológica: Os desenhistas que se tornam dependentes de ferramentas de IA para criar suas obras podem enfrentar dificuldades em expressar sua criatividade de maneira tradicional. Isso pode limitar sua habilidade de explorar novos territórios artísticos e desenvolver habilidades fundamentais, tal como as técnicas com materiais, entendimento sobre perspectiva, etc. Já existe um bom número de “desenhistas” que se apresentam como tal, mas utilizando as artes feitas por IA, inclusive inscrevendo “suas artes” em concursos.

Falsa sensação de originalidade: A criação de arte com a ajuda de IA pode dar a alguns artistas a falsa sensação de que suas obras são totalmente originais, quando na verdade podem estar sendo influenciadas significativamente pelos algoritmos e pelos conjuntos de dados usados. Sim, a IA pode coletar dados e gerar imagens conforme quem a programa, além de explorar aquilo que um grupo de pessoas que lhe utiliza e tem aprovado como preferência; haja vista que esta tecnologia está aprendendo com a coletividade, e não especificamente com critérios de valor.

Viés algorítmico: Algoritmos de IA podem ser treinados com conjuntos de dados que refletem certos vieses culturais, sociais ou estéticos. Isso pode levar a uma padronização de estilos, técnicas e temas, excluindo perspectivas e estilos menos representados. Caso o desenhista a utilize, ficará a mercê de certos condicionamentos desta tecnologia. É possível notar que muitos desenhos feitos por IA possuem características em comum.

Desmotivação: Para quem está aprendendo a desenhar e se depara com uma ferramenta dessas, poderá tomar algumas decisões conforme alguns condicionamentos dos caminhos que escolheu. Por exemplo, quem vê o desenho como um caminho artístico, provavelmente irá insistir no desenho para se aperfeiçoar, ainda que eventualmente utilize a tecnologia de IA; entretanto outros irão desenvolver uma desmotivação pela arte de desenhar ao ver que resultados muito bons podem ser entregues com o uso exclusivo da IA, principalmente se seu colega está ganhando notoriedade e dinheiro com isso.

Não há volta: Apesar de termos nossos contras em relação a seu uso, a volta é provavelmente irreversível; dado que, além do vício pela facilidade e a comodidade destas tecnologias pelas pessoas, o seu uso mercadológico já tem uma extrema propulsão; e quem é que irá frear isso? Mas é possível nos posicionar para ao menos surgir formas mais consistentes de regulamentar isso, como algumas iniciativas já tem feito, inclusive algumas acabaram voltando atrás. Viu como é difícil? Na Shutterstock mesmo, que é um dos maiores bancos de imagem do mundo, já aceitam essas artes artificiais.

Apesar dos perigos da IA para esses desafios, também é importante notar que ela pode ser usada como uma ferramenta para complementar a criatividade dos desenhistas, oferecendo novas possibilidades e oportunidades de experimentação. A relação entre a IA e os desenhistas é complexa, e é fundamental para os profissionais da arte entenderem e se adaptarem às mudanças que a tecnologia traz para o campo, mas claro, que não fique sem questionar e deixar fluir uma manipulação, pois ela está fazendo isso através das grandes empresas, juntamente com o apoio de quem quer desfrutar de seus benefícios. Pense nisso.

Fonte da imagem: Pixabay

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